No fim da nossa jornada pelos autores franceses, na qual navegamos pelos mares profundos de Michel Onfray, Roland Barthes e Gaston Bachelard, chegamos ao último escritor tratado neste módulo: André Gide. Nele, encontramos mais que um relato sobre o processo de escrita, mas um livro inteiro sob a forma de um diário no qual é narrada a construção de um romance, que, por seu turno, também é escrito como um diário.
Assim, Gide lança o conceito de “mise-en-abîme”, termo francês que designa o jogo de espelhos capaz de gerar uma sequência infinita de imagens. Nessa “narrativa em abismo”, que ele evidencia nas histórias intercruzadas dos livros “Diário dos moedeiros falsos” e “Os moedeiros falsos”, os enredos se multiplicam dentro de si mesmos, como uma espiral interminável.