Nas mais de 600 páginas de “Grande sertão: veredas”, podemos identificar técnicas apuradas da Escrita Criativa. Elas aparecem na escuta atenta dos causos na venda de seu Fulô, nas muitas cartas-entrevistas trocadas com o pai, na transmutação de personalidades reais em personagens ficcionais e também na criação de uma nova língua que comunica por trás e para além das palavras.
Guimarães Rosa também lança mão dos refrões, repetindo incontáveis vezes “viver é muito perigoso” e “o diabo na rua, no meio do redemoinho…”. E monta a estrutura da narrativa de forma a causar a impressão de que a construção se faz à medida que ele é escrito pelo alter ego do rapaz da cidade grande que escuta Riobaldo.